15.12.07

Folha do Mate

Os textos publicados abaixo fazem parte de um caderno especial de Natal que eu ajudei a fazer. Queria colocar mais fotos, mas tive problemas com o blogger. Assim que possível eu completo as matérias. A crônica "Os dois lados de um Natal" foi assinada. Já as reportagens tiveram crédito no expediente da edição.

Os dois lados de um Natal

Quando temos seis anos, uma bicicleta parece ser o maior desafio do mundo. Lembro dos meus olhos surpresos ao ver o presente enorme conduzido pelo cara estranho vestido de vermelho. Nada contra o Papai Noel, nunca tive medo dele, mas convenhamos que é no mínimo curioso um senhor com tanta roupa em pleno verão.
A bicicleta rosa tinha um laço enorme da mesma cor. Fui desconfiada até o colo do velhinho e sentei, no entanto meu olhar estava fixo no objeto ao lado. Respondi as perguntas básicas como “Comportou-se bem durante o ano?”. Queria gritar: “Sim, Papai Noel, sou uma menina boazinha, mas dá pra tu me entregares de vez o meu presente?”. Acho que desse jeito ele não me daria nada, então optei por dizer um sim apressado.
O presente foi marcante para a pequena que na época só podia dar a volta na quadra. Hoje, percorri caminhos bem maiores e uma bicicleta já não tem o mesmo significado de independência. Entretanto, naquele momento era o meu sonho e o Natal fez com que ele se tornasse verdade.Desde então, vejo tal data com uma magia peculiar. A época natalina passou a significar a possibilidade de alcançar o que almejo. Sendo assim, gostaria de deixar uma mensagem de esperança. Que as pessoas sintam essa fantasia e não deixem nunca de sonhar. Esse é o meu pedido para o Natal 2007, além da máquina fotográfica digital.

Se eu fosse Papai Noel...

Todo ano, no mês de dezembro, a figura do Papai Noel se torna constante na rotina das pessoas. O bom velhinho aparece nos enfeites natalinos, na decoração das casas e em propagandas do comércio. Sua imagem faz parte da magia e dos preparativos para o Natal. Tanta fantasia mexe com a imaginação, principalmente das crianças. Sendo assim, a Folha do Mate conversou na 14ª Bierchoppfest com meninos e meninas para saber o que os pequenos fariam se fossem o próprio Papai Noel. Confira as respostas:

O tímido Leonardo Vinicius Schwengber, de 5 anos, afirmou:
“Eu ia dar um presente pro meu primo Gustavo”

Grazielle Beatriz Jantsch, de 8 anos, mostrou-se generosa ao declarar:
“Eu daria presentes para todas as pessoas”

Afonso Konzen Siebeneichler, de 7 anos, não hesitou e logo respondeu:
“Eu iria jogar balas”
Guilherme Heck Ortega, de 10 anos, teve uma resposta imediata:
“Eu ia dar presente para todo mundo, para a minha família, para as minhas avós, eu ia visitá-las. Daria presentes para as crianças pobres para fazer elas felizes”
A pequena envergonhada Carolina Paiva, de 4 anos, respondeu o seguinte:
“Eu colocaria a roupa de Papai Noel e também os sapatos. Depois, eu daria presentes para os meus coleguinhas”
Diana Mello, de 10 anos, ficou pensativa e em seguida afirmou:
“Eu ia sair distribuindo brinquedos para os outros Papais Noéis”

Juan Roberto de Azevedo, de 7 anos, sorriu e disse o seguinte:
“Eu ia dar presentes para os meus amigos e para as outras crianças”

Érick Luiz Hinterholz, de 9 anos, pensou e depois respondeu rapidamente:
“Eu daria presentes para os pobres e ricos para eles serem felizes”

Intermediando sonhos

Uma matéria do jornal Zero Hora despertou a atenção de Fernanda Lakus, em dezembro do ano passado. O texto abordava as cartinhas mandadas por crianças de Porto Alegre para o Papai Noel. O correio organizava esse material e quem tivesse interesse em ajudar era só ir até uma agência.
A iniciativa notável na Capital fez com que Fernanda fosse até o Correio de Venâncio para se informar sobre o funcionamento dessas atividades na cidade. Ela descobriu que aqui o sistema era parecido e resolveu colaborar.
No dia 21 de dezembro de 2006, a jovem de 27 anos saia do Correio com 10 cartas. Imediatamente, ela falou com seus familiares para que eles a ajudassem a realizar o desejo das crianças selecionadas. Como o Natal já estava muito próximo, não foi possível atender todos os pedidos. Fernanda adquiriu seis presentes e devolveu as outras quatro cartas.
Além de contar com o auxílio da família, uma amiga também contribuiu. Como a experiência foi positiva, esse ano Fernanda se antecipou e foi mais cedo no Correio. Na sexta-feira, dia 7, ela buscou diversas cartas e de noite as levou para a janta da Academia Papaventuras.
Na ocasião, integrantes da academia leram as cartas em conjunto e se organizaram para atender o maior número possível de pedidos. A proprietária da Papaventuras, Rose Muller, apóia a idéia. Fernanda ressalta: “Faz bem para os outros e volta para ti”.
Mais uma vez os familiares foram convocados para verem as cartas. Fernanda divulgou também a atividade do Correio no escritório em que trabalha, o Matriz Factor Limitada. Alguns clientes e empresas maiores se dispuseram a colaborar. Fernanda afirma que sempre quis participar de atividades solidárias: “Tu quer ajudar de alguma forma, mas não sabe como”. Com suas ações, ela é uma intermediaria entre as crianças e pessoas que têm condições de realizar os pedidos, que na maioria das vezes são simples. Ela destaca a iniciativa: “É uma forma de poder ajudar que o Correio está colocando para a gente”.

Costumes que passam por gerações

Para algumas pessoas, montar a árvore natalina é sinônimo de obrigação. Já outros, consideram a atividade um momento muito especial. É o caso de Margô Schmidt Guterres e sua mãe, Romana Schmidt. As duas sentem prazer em prepararem as suas casas para a chegada da noite de Natal.
Bolas, pinhas, laços, luzes e presépio. A decoração do pinheirinho de Margô é completa. O primogênito Théo, de 12 anos, é o responsável pela organização da manjedoura na base da árvore. Já seus irmãos, Arthur, de nove anos, e Fernando, de um ano e quatro meses, auxiliam a mãe a pendurar os enfeites.
A tradição que passa por gerações na família, teve um início modesto com Romana. Primeiramente, ela montava um pinheiro mais simples. Com o passar dos anos, novos objetos para decorá-lo foram adquiridos e a cada Natal ele aumentava um pouquinho.
Margô afirma que tenta passar o costume de montar a árvore natalina para os filhos. “Eu considero importante, acho muito bonito isso”, declara. Os meninos acabam se envolvendo no entusiasmo da mãe e da avó, e crescem em meio a essa tradição familiar.
Apesar de trabalhosa, a atividade é recompensadora. Margô ressalta: “Eu acho que a gente tem que passar esse espírito de Natal”. Ela ainda completa: “Se tu não colocares nada, nem ao menos um pinheiro, vai perdendo o sentido, aí vira só presente”.Sobre a importância do presépio, Margô destaca o seu significado. Para ela, ele retoma valores fundamentais como vida, solidariedade e amor. Além da árvore de Natal, a casa da mãe e da filha possuem outros elementos que tornam o ambiente ainda mais acolhedor. A imagem do Papai Noel aparece nas mais diversas formas. “A minha casa e a casa da mãe parecem a casa da Mamãe Noela”.

Margô e a sua mãe Romana

Théo, Fernando e Arthur

Presentes para agradar toda família

A proximidade do Natal faz com que as lojas fiquem cheias de novidades. O comércio quer oferecer as melhores opções de presentes para os públicos mais variados. São diversos os produtos que despertam a atenção do consumidor e que acabam indo direto para árvore natalina.

Entre as alternativas para as crianças, os brinquedos continuam em evidência. Para as meninas, a Barbie ainda é uma das bonecas mais vendidas, segundo a vendedora Juliana Mohr. Nesse Natal, destaque para os modelos Princesa da Ilha e Fada do Campo. A fada vem com um jogo em DVD e a própria Barbie funciona como controle. Já para os meninos, a sugestão é o boneco Max Stell. Podem ser encontradas diferentes versões, como o Conjunto Batalha de Fogo e a Moto Acrobática.
Roupas também são sempre um bom presente. A proprietária de uma loja do centro da cidade, Cláudia Morsch, afirma que peças de verão vendem bem para o Natal. Tanto vestidos quanto camisetas masculinas têm uma grande procura. No entanto, Cláudia ressalta os tênis como os produtos mais comercializados nessa época.

Outra idéia é presentear com jóias e acessórios. Amanda Kothe, proprietária de uma ótica e joalheria, indica pulseiras, brincos e colares para agradar as mulheres. Já para ambos os sexos, óculos de sol e relógios são ótimas opções.

Os aparelhos eletrônicos estiveram em evidência durante o ano de 2007. Sendo assim, a expectativa de venda de MP3, MP4, MP5 e de máquina digitais é grande para o Natal. A funcionária Maria Ieda Brixius declara que os jovens são os que mais procuram por esses produtos. Segundo ela, além das novidades tecnológicas, os eletrodomésticos também são presentes interessantes. Destaque para a máquina de pão e o grill.

Profissão: Papai Noel

O Papai Noel é um dos principais personagens natalinos. No mês de dezembro, empresas, escolas e entidades fazem as suas festas de encerramento de ano e o bom velhinho está sempre presente. Para fazer a alegria de crianças e adultos, algumas pessoas vestem a tradicional roupa vermelha e imergem totalmente na fantasia do Natal.
Em Venâncio Aires, Ivete Naue aguarda ansiosa por dezembro. Já faz 18 anos que a aposentada é Papai Noel e o amor pela função só aumenta a cada festa. Sua roupa é costurada por ela mesma, com muita dedicação.
Tudo teve início a partir do convite de um vereador da época. Ivete trabalhava na Creche Closs e achou a idéia interessante. Ela começou a atuar em escolinhas e vilas. “Nós íamos de caminhão, inclusive quando chovia, a gente ia entregando balas para as crianças”, recorda a senhora de 62 anos.
Ivete afirma que o trabalho em vilas é o mais marcante: “Ver aquelas crianças que precisam, a gente dá carinho, dá atenção para elas, é muito bom”. Ela ressalta a alegria dos meninos e meninas, a sinceridade do abraço de cada um deles como um incentivo para continuar.
Outro Papai Noel de Venâncio é Gilmar Miguel Gassen, de 46 anos. Ele começou essa atividade em 1997, pois sempre gostou de trabalhar com crianças. Na época, Gilmar era integrante do Rotary Club e isso contribuiu para a sua decisão. Com o clube de serviço, ele vestiu pela primeira vez a fantasia, em visita à vilas.
Quando perguntado sobre as lembranças desses anos como Papai Noel, Gilmar afirma que a APAE é um lugar que o emociona toda vez. Ele declara que naquele ambiente percebe o quanto as pessoas não valorizam a saúde perfeita de seus familiares.
Gilmar destaca como a maior dificuldade deixar a família na véspera do Natal: “Teve vezes que eu já cheguei em casa e não tinha mais ninguém, isso dói”. No entanto, afirma com um sorriso no rosto: “Aquele abraço que a gente dá é como se fosse o filho da gente, então é muito bom”.

A famosa história das formigas

No Natal de 1998, Gilmar estava a caminho da última casa da noite. Ele estacionou na frente do local e pediu para que o dono chamasse as crianças. Enquanto aguardava, ficou parado do lado do carro. Os pequenos vieram correndo e o Papai Noel foi caminhando devagar até que começou a sentir algo em suas pernas.
Ele correu até uma varanda mais ao lado e tirou as botas e as calças para se coçar. Gilmar havia parado em um trilho de formigas pimentinhas e elas estavam em suas pernas. Após tirá-las, ele seguiu para entregar os presentes. No entanto, no meio do caminho, formigas que estavam na barra da calça voltaram a incomodar e o Papai Noel correu novamente para a área da casa.Depois de se recompor, Gilmar foi até as crianças que estavam confusas com a correria do Papai Noel. Ele enfim conseguiu entregar os presentes, mas ainda sentia uma ou outra formiga enquanto estava sentado.