15.12.07

Folha do Mate

Os textos publicados abaixo fazem parte de um caderno especial de Natal que eu ajudei a fazer. Queria colocar mais fotos, mas tive problemas com o blogger. Assim que possível eu completo as matérias. A crônica "Os dois lados de um Natal" foi assinada. Já as reportagens tiveram crédito no expediente da edição.

Os dois lados de um Natal

Quando temos seis anos, uma bicicleta parece ser o maior desafio do mundo. Lembro dos meus olhos surpresos ao ver o presente enorme conduzido pelo cara estranho vestido de vermelho. Nada contra o Papai Noel, nunca tive medo dele, mas convenhamos que é no mínimo curioso um senhor com tanta roupa em pleno verão.
A bicicleta rosa tinha um laço enorme da mesma cor. Fui desconfiada até o colo do velhinho e sentei, no entanto meu olhar estava fixo no objeto ao lado. Respondi as perguntas básicas como “Comportou-se bem durante o ano?”. Queria gritar: “Sim, Papai Noel, sou uma menina boazinha, mas dá pra tu me entregares de vez o meu presente?”. Acho que desse jeito ele não me daria nada, então optei por dizer um sim apressado.
O presente foi marcante para a pequena que na época só podia dar a volta na quadra. Hoje, percorri caminhos bem maiores e uma bicicleta já não tem o mesmo significado de independência. Entretanto, naquele momento era o meu sonho e o Natal fez com que ele se tornasse verdade.Desde então, vejo tal data com uma magia peculiar. A época natalina passou a significar a possibilidade de alcançar o que almejo. Sendo assim, gostaria de deixar uma mensagem de esperança. Que as pessoas sintam essa fantasia e não deixem nunca de sonhar. Esse é o meu pedido para o Natal 2007, além da máquina fotográfica digital.

Se eu fosse Papai Noel...

Todo ano, no mês de dezembro, a figura do Papai Noel se torna constante na rotina das pessoas. O bom velhinho aparece nos enfeites natalinos, na decoração das casas e em propagandas do comércio. Sua imagem faz parte da magia e dos preparativos para o Natal. Tanta fantasia mexe com a imaginação, principalmente das crianças. Sendo assim, a Folha do Mate conversou na 14ª Bierchoppfest com meninos e meninas para saber o que os pequenos fariam se fossem o próprio Papai Noel. Confira as respostas:

O tímido Leonardo Vinicius Schwengber, de 5 anos, afirmou:
“Eu ia dar um presente pro meu primo Gustavo”

Grazielle Beatriz Jantsch, de 8 anos, mostrou-se generosa ao declarar:
“Eu daria presentes para todas as pessoas”

Afonso Konzen Siebeneichler, de 7 anos, não hesitou e logo respondeu:
“Eu iria jogar balas”
Guilherme Heck Ortega, de 10 anos, teve uma resposta imediata:
“Eu ia dar presente para todo mundo, para a minha família, para as minhas avós, eu ia visitá-las. Daria presentes para as crianças pobres para fazer elas felizes”
A pequena envergonhada Carolina Paiva, de 4 anos, respondeu o seguinte:
“Eu colocaria a roupa de Papai Noel e também os sapatos. Depois, eu daria presentes para os meus coleguinhas”
Diana Mello, de 10 anos, ficou pensativa e em seguida afirmou:
“Eu ia sair distribuindo brinquedos para os outros Papais Noéis”

Juan Roberto de Azevedo, de 7 anos, sorriu e disse o seguinte:
“Eu ia dar presentes para os meus amigos e para as outras crianças”

Érick Luiz Hinterholz, de 9 anos, pensou e depois respondeu rapidamente:
“Eu daria presentes para os pobres e ricos para eles serem felizes”

Intermediando sonhos

Uma matéria do jornal Zero Hora despertou a atenção de Fernanda Lakus, em dezembro do ano passado. O texto abordava as cartinhas mandadas por crianças de Porto Alegre para o Papai Noel. O correio organizava esse material e quem tivesse interesse em ajudar era só ir até uma agência.
A iniciativa notável na Capital fez com que Fernanda fosse até o Correio de Venâncio para se informar sobre o funcionamento dessas atividades na cidade. Ela descobriu que aqui o sistema era parecido e resolveu colaborar.
No dia 21 de dezembro de 2006, a jovem de 27 anos saia do Correio com 10 cartas. Imediatamente, ela falou com seus familiares para que eles a ajudassem a realizar o desejo das crianças selecionadas. Como o Natal já estava muito próximo, não foi possível atender todos os pedidos. Fernanda adquiriu seis presentes e devolveu as outras quatro cartas.
Além de contar com o auxílio da família, uma amiga também contribuiu. Como a experiência foi positiva, esse ano Fernanda se antecipou e foi mais cedo no Correio. Na sexta-feira, dia 7, ela buscou diversas cartas e de noite as levou para a janta da Academia Papaventuras.
Na ocasião, integrantes da academia leram as cartas em conjunto e se organizaram para atender o maior número possível de pedidos. A proprietária da Papaventuras, Rose Muller, apóia a idéia. Fernanda ressalta: “Faz bem para os outros e volta para ti”.
Mais uma vez os familiares foram convocados para verem as cartas. Fernanda divulgou também a atividade do Correio no escritório em que trabalha, o Matriz Factor Limitada. Alguns clientes e empresas maiores se dispuseram a colaborar. Fernanda afirma que sempre quis participar de atividades solidárias: “Tu quer ajudar de alguma forma, mas não sabe como”. Com suas ações, ela é uma intermediaria entre as crianças e pessoas que têm condições de realizar os pedidos, que na maioria das vezes são simples. Ela destaca a iniciativa: “É uma forma de poder ajudar que o Correio está colocando para a gente”.

Costumes que passam por gerações

Para algumas pessoas, montar a árvore natalina é sinônimo de obrigação. Já outros, consideram a atividade um momento muito especial. É o caso de Margô Schmidt Guterres e sua mãe, Romana Schmidt. As duas sentem prazer em prepararem as suas casas para a chegada da noite de Natal.
Bolas, pinhas, laços, luzes e presépio. A decoração do pinheirinho de Margô é completa. O primogênito Théo, de 12 anos, é o responsável pela organização da manjedoura na base da árvore. Já seus irmãos, Arthur, de nove anos, e Fernando, de um ano e quatro meses, auxiliam a mãe a pendurar os enfeites.
A tradição que passa por gerações na família, teve um início modesto com Romana. Primeiramente, ela montava um pinheiro mais simples. Com o passar dos anos, novos objetos para decorá-lo foram adquiridos e a cada Natal ele aumentava um pouquinho.
Margô afirma que tenta passar o costume de montar a árvore natalina para os filhos. “Eu considero importante, acho muito bonito isso”, declara. Os meninos acabam se envolvendo no entusiasmo da mãe e da avó, e crescem em meio a essa tradição familiar.
Apesar de trabalhosa, a atividade é recompensadora. Margô ressalta: “Eu acho que a gente tem que passar esse espírito de Natal”. Ela ainda completa: “Se tu não colocares nada, nem ao menos um pinheiro, vai perdendo o sentido, aí vira só presente”.Sobre a importância do presépio, Margô destaca o seu significado. Para ela, ele retoma valores fundamentais como vida, solidariedade e amor. Além da árvore de Natal, a casa da mãe e da filha possuem outros elementos que tornam o ambiente ainda mais acolhedor. A imagem do Papai Noel aparece nas mais diversas formas. “A minha casa e a casa da mãe parecem a casa da Mamãe Noela”.

Margô e a sua mãe Romana

Théo, Fernando e Arthur

Presentes para agradar toda família

A proximidade do Natal faz com que as lojas fiquem cheias de novidades. O comércio quer oferecer as melhores opções de presentes para os públicos mais variados. São diversos os produtos que despertam a atenção do consumidor e que acabam indo direto para árvore natalina.

Entre as alternativas para as crianças, os brinquedos continuam em evidência. Para as meninas, a Barbie ainda é uma das bonecas mais vendidas, segundo a vendedora Juliana Mohr. Nesse Natal, destaque para os modelos Princesa da Ilha e Fada do Campo. A fada vem com um jogo em DVD e a própria Barbie funciona como controle. Já para os meninos, a sugestão é o boneco Max Stell. Podem ser encontradas diferentes versões, como o Conjunto Batalha de Fogo e a Moto Acrobática.
Roupas também são sempre um bom presente. A proprietária de uma loja do centro da cidade, Cláudia Morsch, afirma que peças de verão vendem bem para o Natal. Tanto vestidos quanto camisetas masculinas têm uma grande procura. No entanto, Cláudia ressalta os tênis como os produtos mais comercializados nessa época.

Outra idéia é presentear com jóias e acessórios. Amanda Kothe, proprietária de uma ótica e joalheria, indica pulseiras, brincos e colares para agradar as mulheres. Já para ambos os sexos, óculos de sol e relógios são ótimas opções.

Os aparelhos eletrônicos estiveram em evidência durante o ano de 2007. Sendo assim, a expectativa de venda de MP3, MP4, MP5 e de máquina digitais é grande para o Natal. A funcionária Maria Ieda Brixius declara que os jovens são os que mais procuram por esses produtos. Segundo ela, além das novidades tecnológicas, os eletrodomésticos também são presentes interessantes. Destaque para a máquina de pão e o grill.

Profissão: Papai Noel

O Papai Noel é um dos principais personagens natalinos. No mês de dezembro, empresas, escolas e entidades fazem as suas festas de encerramento de ano e o bom velhinho está sempre presente. Para fazer a alegria de crianças e adultos, algumas pessoas vestem a tradicional roupa vermelha e imergem totalmente na fantasia do Natal.
Em Venâncio Aires, Ivete Naue aguarda ansiosa por dezembro. Já faz 18 anos que a aposentada é Papai Noel e o amor pela função só aumenta a cada festa. Sua roupa é costurada por ela mesma, com muita dedicação.
Tudo teve início a partir do convite de um vereador da época. Ivete trabalhava na Creche Closs e achou a idéia interessante. Ela começou a atuar em escolinhas e vilas. “Nós íamos de caminhão, inclusive quando chovia, a gente ia entregando balas para as crianças”, recorda a senhora de 62 anos.
Ivete afirma que o trabalho em vilas é o mais marcante: “Ver aquelas crianças que precisam, a gente dá carinho, dá atenção para elas, é muito bom”. Ela ressalta a alegria dos meninos e meninas, a sinceridade do abraço de cada um deles como um incentivo para continuar.
Outro Papai Noel de Venâncio é Gilmar Miguel Gassen, de 46 anos. Ele começou essa atividade em 1997, pois sempre gostou de trabalhar com crianças. Na época, Gilmar era integrante do Rotary Club e isso contribuiu para a sua decisão. Com o clube de serviço, ele vestiu pela primeira vez a fantasia, em visita à vilas.
Quando perguntado sobre as lembranças desses anos como Papai Noel, Gilmar afirma que a APAE é um lugar que o emociona toda vez. Ele declara que naquele ambiente percebe o quanto as pessoas não valorizam a saúde perfeita de seus familiares.
Gilmar destaca como a maior dificuldade deixar a família na véspera do Natal: “Teve vezes que eu já cheguei em casa e não tinha mais ninguém, isso dói”. No entanto, afirma com um sorriso no rosto: “Aquele abraço que a gente dá é como se fosse o filho da gente, então é muito bom”.

A famosa história das formigas

No Natal de 1998, Gilmar estava a caminho da última casa da noite. Ele estacionou na frente do local e pediu para que o dono chamasse as crianças. Enquanto aguardava, ficou parado do lado do carro. Os pequenos vieram correndo e o Papai Noel foi caminhando devagar até que começou a sentir algo em suas pernas.
Ele correu até uma varanda mais ao lado e tirou as botas e as calças para se coçar. Gilmar havia parado em um trilho de formigas pimentinhas e elas estavam em suas pernas. Após tirá-las, ele seguiu para entregar os presentes. No entanto, no meio do caminho, formigas que estavam na barra da calça voltaram a incomodar e o Papai Noel correu novamente para a área da casa.Depois de se recompor, Gilmar foi até as crianças que estavam confusas com a correria do Papai Noel. Ele enfim conseguiu entregar os presentes, mas ainda sentia uma ou outra formiga enquanto estava sentado.

21.10.07

As coisas que deixam de existir

Em um domingo de ressaca me esforço para acordar e almoçar com a minha família. Após comer, uma preguiça gigante toma conta de mim e deito confortavelmente no sofá. Pego o controle da televisão e vou a busca de algo para me entreter.
Na frenética troca de canais encontro uma atração que provoca em mim um sorriso pueril. Começava naquele momento um episódio saudoso de Friends, para o meu delírio. Eu era viciada no seriado durante o tempo de colégio. Assisti feliz aquela meia hora nostálgica. Desejei que Friends não tivesse acabado.
Fico triste quando lembro de algo que gostava muito e que por algum motivo entra em extinção. Os seis amigos de Nova York são apenas um singelo exemplo. No entanto, posso citar outros memoráveis: Kit Kat (recordo da propaganda que tinha uma vaca e dava ênfase no barulhinho maravilhoso do chocolate), Fofys (os biscoitos de ursinhos mais perfeitos que já existiram) e uns chiclets compridos e fininhos que vinham em uma embalagem de latinha que não sei o nome.
Não entendo o motivo pelo qual coisas tão boas saem de mercado. No ramo das guloseimas o que me consola ainda é o chocolatinho Refeição, que inclusive mantém sua embalagem original. Se ele também não fosse mais encontrado não sei o que faria para saciar meus doces desejos.
Na televisão, episódios inéditos de Sex and the City ainda fazem muita falta. As quatro amigas me divertiram durante seis temporadas. Sendo assim, conto o tempo para o lançamento do filme em março de 2008 nos cinemas. Será um breve retorno, acredito que apenas um encerramento da trajetória de Carry, Samantha, Miranda e Charlotte, porém isso vai matar um pouco da saudade da série.
Com certeza cada um que ler esse texto vai lembrar de uma centena de coisas a mais que deixaram de existir, mas não saíram da nossa memória. Se for assim com tudo, expresso imediatamente meu sentimento de lamentação por esse sistema que tira pequenos prazeres da humanidade. Sei que era um ato de canibalismo devorar aqueles amados ursinhos Fofys de chocolate. Todavia, dava a ponta do meu mindinho pela sensação de retornar a infância com um daqueles pacotes vermelhos na mão. Quanta saudade.

14.10.07

Entre velas, imagens e clichês

A entrada é silenciosa. Piso levemente, desejaria flutuar para não ser notada. São 9 horas no horário novo, 8 então na verdade. A igreja encontrava-se cheia e ninguém percebe minha singela presença. Estava 30 minutos atrasada.
Devia fazer mais de um ano que eu não pisava em um templo religioso. No entanto, o sacrifício de levantar tão cedo em pleno domingo era por um amigo, sendo assim, uma missão muito importante.
Parei ao fundo e logo o vi. Ele se destacava naquele ambiente tão casto. Fui em sua direção e sentei no mesmo banco em que estava. Antes que me visse, peguei a sua mão. Seus olhos brilharam quando encontraram os meus. Foi a primeira vontade de chorar.
Nos abraçamos forte. Eu não falei que sentia muito, porém eu realmente sentia demais. Fugi do chavão, mas não consegui evitar as lágrimas quando levantamos para rezar o Pai Nosso.
Meu amigo havia perdido o pai há uma semana. Não conseguia pensar em tamanha dor, impossível dizer “Eu posso imaginar o que estás sentindo”. Seria uma idiota se falasse tais palavras, afinal, enquanto ele chorava a morte daquele que o criou eu sabia que o meu protetor estava em casa e dormia tranqüilamente.
Além de ser uma missa de sétimo dia de falecimento, na ocasião seria realizado o batizado de uma dezena de crianças. Pensei na minha tia e no meu afilhado que deve nascer nos próximos dias. Logo estaria de volta naquela igreja, todavia em outra posição, a de madrinha.
Quanta ironia celebrar a vida e a morte no mesmo dia, na mesma hora. Todavia, é assim independente de religião e da nossa vontade. Depois de refletir olhei novamente para ele. Tinha a cabeça baixa e movia as mãos sob as pernas. Muitas palavras surgiam na minha mente, no entanto deixei o silêncio falar por mim.
O ritual acabou e nos levantamos. Na saída, queria me despedir dizendo algo significativo. Sorri com sinceridade e pela última vez o tive em meus braços. Parecia que aquele homem enorme ia despencar em meu corpo. Senti sua carência e fragilidade naquele momento. Afastei-me e disse “A gente se vê”. Ridícula. Não consegui segurar nem sequer por meia hora um clichê.

7.10.07

Ainda somos os mesmos

Elis que tinha razão. Como ela afirmava: “Ainda somos os mesmo e vivemos como os nossos pais”. Comprovei tal tese na noite de ontem, sou um projeto da minha mãe. Detalhe: isso era tudo que eu temia por toda a adolescência.
Na fase mais rebelde da vida eu odiava o modo com que a minha genitora agia, principalmente em relação aos meus interesses. Considerava-a uma intolerante, ditadora do lar dos Etges. Após as nossas brigas, sempre declarava baixinho choramingando no quarto para mim mesma: “Eu não vou ser assim”.
No entanto, a história mudou um pouquinho. Agora creio que sou levemente mais madura e percebo certas situações de outra forma. Posso assegurar que ando contida, há algum tempo estou mais calma e paciente. Já fui a líder brigona da turma do colégio. Era a primeira a reclamar de algo que não concordava. Hoje, deixo algumas coisas passarem, talvez por preguiça ou comodismo, mas isso não vem ao caso no momento.
Meu pai sempre foi agitado e a mãe mais na dela. Envergonhada, foge até de fotografias. Não sou tão tímida, mas a brabeza característica da taurina aqui de casa é a mesma. Digamos que sou facilmente irritável. Se digo isso com base na análise do meu período atual, imaginem como já fui.
Enfim, as conclusões e pensamentos acima se tornaram possíveis recentemente. Ontem agi exatamente como minha mãe, até fiquei com medo. Os braços cruzados e o biquinho na cara me denunciaram. Não consigo acreditar que vou ser má como ela. Porém, hoje acordei pensando que talvez eu possa entendê-la em algumas situações que antes me pareciam absurdas.
Quando meus pais brigavam e no fim de tudo a via acalmar a situação e procurar um equilíbrio achava estranho. E o orgulho? Não concordava. Agora compreendo que essa palavra não deveria existir ao se abordar relações humanas. Aprendi a relevar tanta coisa, arte que com certeza minha mãe já dominava há tempos.
Hoje me vejo como mediadora também. Conviver com pessoas mais velhas me deu uma certa serenidade para agir e pensar. Isso não significa que não me descontrolo momentaneamente. Tento me conter, troco de ambiente e choro sozinha. Respiro e bebo um pouco de água. Depois de retocar a maquiagem, visto a roupa da namorada compreensível e volto para a sala. Nada como aprender a ser adulta. Preciso praticar mais vezes.

18.9.07

O pior jogo, mesmo com a vitória

Domingo era dia de Gre-Nal. Estava ansiosa durante toda a semana, afinal aquele seria um clássico diferente, para mim ao menos. Fui cedo rumo ao Olímpico, por volta das três da tarde. Encontrei meu pai e meu irmão na fila para entrar, troquei umas poucas palavras com eles e me dirigi até a assessoria.
A sala estava mais cheia do que habitualmente, no entanto entrei sem hesitar. Larguei minha bolsa em um canto e recebi a primeira informação relevante do dia: “Tem chocolate”. O Rodrigo adivinhou minha vontade naquele momento, ou melhor, trouxe o desejo em um copo médio de plástico até mim. Nós dois comemos satisfeitos aquela quantidade considerável de doce. Ah, a glicose!
Fiquei no computador até o chamado para minha primeira missão do dia. Era para eu corrigir um texto da Bianca. Comecei a lê-lo, mas um barulho interrompeu minha concentração. Havia iniciado uma briga entre brigadianos e gremistas próximo ao portão principal do estádio. Muita correria e gritos assolaram minha mente. Todavia, conclui meu serviço e logo tudo voltou ao normal na rua.
Em seguida eu deveria tirar algumas fotos do programa Conversa Tricolor, na Grêmio TV. Fui até lá com um sorriso no rosto, embora estivesse meio triste por ver todos com o símbolo do Grêmio estampado em camisetas e bandeiras. Eu usava uma blusa branca e um casaco azul, uma maneira sutil de referenciar meu tricolor.
Após realizar a tarefa, voltei para assessoria. Começava a ficar nervosa, a movimentação já havia diminuído e o jogo logo começaria. Imaginava a torcida vibrando, o hino como música de fundo da festa da arquibancada. Podia visualizar meu pai e meu irmão, porém havia um lugar vago ao lado deles, era a minha posição.
Vi que tais ilusões ficariam apenas na minha cabeça, afinal, não olharia a partida nem com eles nem das cabines, como muito desejava. Recebi um discurso do Túlio Macedo para digitar e ficaria ali na sala mesmo.
Um sentimento estranho tomou conta de mim. Era diferente estar no Monumental daquela forma. Eu queria gritar, vibrar, xingar, mas era hora de digital o discurso do Túlio Macedo.
Os times entraram em campo e soterrada naquele ambiente queria chorar de raiva. Sim, a ira tomou conta do meu coraçãozinho. Não queria ser adulta naquela hora, não me importava mais com meu estágio.
Peguei alguns trocados e fui até o bar respirar um pouco. Comprei um pacote de Trakinas de chocolate. Caminhava lentamente até a assessoria quando o som do Olímpico mudou. Corri segurando firmemente as bolachas, eu podia cair, no entanto meu pequeno prazer adocicado precisava estar seguro. Cheguei ofegante e não acreditei, tinha sido feito um gol. Fiquei ainda mais decepcionada, mesmo com o placar favorável ao Grêmio.
Devorei as Trakinas. Não duraram cinco minutos. Elas tentaram me conformar diante do meu sentimento, mesmo assim não foram suficiente. Fui para casa quieta, em silêncio, quase em luto. Entrei no apartamento e sentei no sofá. Enfim, meu caminho estava sendo trilhado. Aquele era o primeiro passo. Quero ver quando for a vez da imparcialidade no futebol. Daí nem as bolachas vão ajudar...

12.9.07

A primeira vez

Ansiedade. Diz o meu caro amigo Aurélio que é sinônimo de aflição. Talvez seja. No entanto, para mim era muito mais naquela noite quente de setembro. Enquanto me revirava na cama tal palavra não escapava da minha mente. Sim, eu estava ansiosa.
Sentia-me como uma criança que teria uma excursão escolar no dia seguinte. Meu compromisso não era exatamente uma viagem, porém a expectativa era semelhante. A cada minuto lembrava de algo que deveria carregar comigo ao sair de casa pela manhã. Então, levantava, procurava o objeto desejado e deitava novamente. Essa seqüência foi repetida pelo menos três vezes.
Quando enfim deixei a euforia de lado foram os sonhos que me atormentaram. Recordo que em um dos meus devaneios eu havia quebrado um dente canino da minha boca. Não sei como isso ocorreu nem sequer a continuação da história, apenas tenho a certeza de que vou perguntar maiores detalhes sobre a interpretação do respectivo sonho para a minha tia assim que vê-la.
Acordei com a sensação de alívio pelo fim da noite. Faltava pouco. Tomei um banho e ao me arrumar fui vaidosa como geralmente não sou. Sai levemente atrasada, afinal, conferi minha bolsa quatro vezes antes de deixar o apartamento.
Na aula o tempo parecia não passar. Tentava me concentrar para redigir o texto solicitado, mas meu pensamento estava distante. Fui quase a última a terminar e dali segui para o almoço. Durante a refeição não ouvia as palavras dos outros. Só pensava em determinado assunto. Eu me encontrava em outro plano, flutuava.
Chegou a hora. Estava me dirigindo para lá e a ansiedade realmente se fez presente. Imaginava todas as situações que poderia encontrar, queria me sentir preparada, embora estivesse totalmente insegura.
Entrei na sala e ali estava. Meu primeiro emprego olhava para mim. Ele se materializava naquelas mesas, nas folhas bagunçadas, nos computadores. Foi uma emoção inesquecível. Creio que pela terceira vez na vida me senti adulta. A primeira vez havia sido na minha menarca (que palavra horrível). A segunda na descoberta mágica da adolescência (sem maiores comentários).
Tudo se passou tranqüilamente. Era como se eu estivesse em casa. E creio que eu estava. Estava não, estou e estarei. Afinal, o Olímpico há anos é meu conhecido, quase íntimo. Agora, meu novo lar. Assim espero. E acredito.

8.9.07

Fragilidades

Devia ser por volta das duas da madrugada. Minhas pernas tremiam sutilmente. As mãos encostavam uma na outra como se procurassem um lugar seguro. O olhar desviava, talvez por medo ou dúvida. Os sentimentos eram confusos e meu único desejo era que aquele momento acabasse.
Consegui perceber por um instante o frio em meu ombro descoberto pelo decote da blusa. Um arrepio se fez em meu corpo. O silêncio provocava em mim uma agonia inexplicável. Queria fechar os olhos e dormir ali mesmo, no vazio daquele carro.
As palavras voltaram a ocupar o espaço. No entanto, elas não soavam da melhor maneira possível. Eram sílabas perdidas, raciocínios interrompidos. Foi então que ouvi o sim que não esperava. Aconteceu.
Não foi uma resposta afirmativa a um pedido de casamento. Certamente não havia sininhos e estrelas ao nosso redor. Foi um sim de fim. Vocábulos parecidos, não acham? Naquela hora mais do que nunca, talvez eu mesma tenha ouvido fim na minha mente ao invés do sim baixinho pronunciado por ele.
Fiquei paralisada. Não era possível. Eu não podia acreditar. Eu não deveria acreditar. Foi então que senti. Nunca havia percebido tal sensação. As lágrimas vieram de forma avassaladora, porém o orgulho as impediu que caíssem. Se não fosse um momento tão triste eu diria que tinha sido divino.
Outra vez as palavras me faltaram. Como é possível, elas sempre me abandonam quando mais necessito delas. Fiquei lá parada, definitivamente imóvel, na tentativa de entender que aquilo não era verdade. Contudo, era real. Acredito que fiquei com pena de mim. Fiz um beiço involuntário. Não queria demonstrar as minhas fraquezas, porém era mais forte que eu. A mulher desabou e ali estava apenas a menininha, sozinha. Coitadinha.

26.8.07

Fase do saco cheio

Entrei em um período da minha vida em que não sei o que eu quero. Ou melhor, a cada momento desejo algo diferente. São muitas vontades e pouca oportunidade. Sinto como se os dias apenas passassem por mim. Espero o fim de semana, o próximo mês, uma data especial. No entanto, tais dias se desfazem de maneira quase imperceptível. Então eis que surge a questão: quando chega a hora de viver?
Estou quase no meio da minha faculdade e as inseguranças tomam conta de mim. O futuro parece tão incerto, tão perto e tão distante. Vivo em um misto de ansiedade e medo. Sim, temores me acompanham e por vezes não me deixam dormir. Chegam lentamente e de forma súbita. Resgatam a minha insegurança. Enlouquecem-me.
As palavras faltaram agora. Li o que escrevi acima e me perdi. Sendo assim, o texto é um reflexo de mim agora. Pequeno, contraditório e complexo. Essa sou eu. Pequena, contraditória e complexa. Coitados dos que me aturam.

Detalhe: Aprendemos que em um texto quando se faz uma pergunta devemos respondê-la. Perdão, não tenho uma solução para o questionamento feito acima. Terei que romper essa regra de redação.

3.8.07

Saneamento Básico




O filme "Saneamento Básico", de Jorge Furtado, é surpreendente. A história envolve um grupo de pessoas que se une para construir uma fossa na cidade do interior em que vivem. No entanto, para que tal obra seja consolidada é necessário fazer um vídeo ficcional para ter acesso a uma verba do governo. O elenco é excelente e se demonstra em sintonia. Os atores conquistam o público e tornam as cenas da produção do curta-metragem hilárias. Fernanda Torres conduz com seu humor único o desenvolvimento da obra. Os cenários gaúchos são explorados de maneira intensa e admirável. As peculiaridades de uma cidade pequena são transpostas com total realidade, o que transfere vivacidade ao filme. Talvez em alguns momentos a história tenha se desviado da sua essência, porém a qualidade de “Saneamento Básico” como um todo é inquestionável.

30.7.07

Sobre partidas e saudade

Mais uma vez a mala está sobre a cama. Aberta e com poucas peças de roupa dentro ela espera que eu a finalize. Ao mesmo tempo, meus avós aguardam meu beijo de despedida. Sim, é hora de ir novamente para a cidade sem pássaros.
Porto Alegre não têm pássaros. Têm pombos, o que é muito diferente. Não adianta dizer que tudo são aves, tal argumento não me convence. Em Venâncio é possível acordar por culpa da cantoria dos canários felizes ao redor das janelas.
Enfim, a questão dos pássaros não vem ao caso no momento, deixarei para outro texto. Agora o que permanece é a contagem regressiva para embarcar no ônibus, colocar os fones de ouvido e deixar uma lágrima escorrer pelo canto do olho. O óculos escuro vai esconder a minha fraqueza. No entanto, ao entrar no apartamento frio do décimo primeiro andar não haverá mais nada a dissimular, nem ninguém para evitar. Estarei sozinha em meu pequeno infinito particular.
Não sei definir se é bom ou ruim. Ninguém para disputar a televisão comigo, ponto positivo. Ter que providenciar comida, ponto negativo. Poderia desenvolver uma lista gigante em tal molde, porém creio que isso não acabaria com as contradições.
Então sigo com os preparativos do retorno. Além de ter que acabar de fazer a mala, ainda vou à benzedeira hoje à tarde. Depois passo nos meus avós paternos. Pego algumas moedas “para o ônibus” e volto para a casa. Minha casa. Nem que seja apenas por algumas semanas de férias de inverno. Nos sábados e domingos sou visita. Mesmo assim, meu lar temporário. Meu lar interminável.

18.7.07

O adeus

O acidente do vôo JJ 3054 da TAM provocou um sentimento confuso em mim. Pensei sobre a vida e a sua efemeridade. Quantas vezes deixamos problemas, situações, momentos passar? E quando não houver mais tempo para nada??
Eu sou uma pessoa um tanto avoada. Embalada pelo conformismo, pergunto-me se eu realmente vivo ou apenas vejo os outros viverem. Sempre penso que semana que vem eu vou ao oftalmologista, no próximo mês eu vou emagrecer e no fim do ano eu vou viajar. É muito vou para pouco futuro. Planos e sonhos são fundamentais para alimentar a alma, mas agir é ainda mais essencial e determinante.
Agora serei drástica: imagine se eu estivesse no vôo em questão. Eu não precisaria mais encomendar as lentes de contato no médico, morreria gorda e sem ter sentido a viagem tão planejada. Horrível? Não, definitivamente não. Eu estaria em estado de churrasquinho e tais fatores não mudariam nada. O cruel seria não ter dado adeus.
Como eu poderia ir embora sem abraçar com total intensidade a minha irmã amada? Sem xingar pela última vez o meu irmão? Sem beijar as bochechas redondas de meu pai? Sem cair no colo de minha mãe? Sem lamentar com minha avó paterna? Sem dizer o “eu amo vocês” que eu nunca disse aos meus avós maternos? Sem olhar pela última vez meus primos e tios? E finalmente, como eu ousaria partir e deixar o meu amor sozinho logo agora que nos encontramos e somos tão felizes?
Surtei! Eu avisei que estava confusa. Impossível não buscar no sentimentalismo conforto para o que os olhos viram em imagens cansativas da televisão e em notícias repetidas da Internet. O que me resta agora é orar pelas almas soltas de pessoas que assim como eu acreditavam no velho Lulu Santos e diziam: “Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir”. Eu vou tentar. E não vai ser só a partir de semana que vem.

14.7.07

A menina que roubava corações

De dia dos namorados recebi um presente fantástico, um livro. No entanto, foi com uma dor imensa que o deixei na estante para arrecadar poeira. Afinal, junho não é um bom mês para se ganhar livros. Eles devem aguardar até julho para na calmaria das férias serem saboreados palavra por palavra. Que crueldade!
Ao abri-lo para dar início a leitura vi a declaração marcada pelo dia 7. Ri, pois foi inevitável não lembrar de tal data. Quando recebi o presente pedi uma frase e uma assinatura na primeira página. Sem saber o que colocar, ELE brincou: “Que tal: para a menina que roubou meu coração?”. Com o sorriso marcado em meu rosto diante da respectiva lembrança, comecei a ler “A menina que roubava livros”. Isso mesmo, não tem coração nenhum no título original.

Observações gerais sobre o livro:
Narrador - a Morte
Contexto - Alemanha nazista
A menina – Liesel Meminger

“Na rua Munique, puseram-se a observar.
Outros se deslocaram a seu redor e à sua frente.
Assistiram à passagem dos judeus pela rua, como a um catálogo de cores. Não foi assim que a menina que roubava livros os descreveu, mas posso lhe dizer que era exatamente isso que eles eram, pois muitos iam morrer. Cada qual me saudaria como sua última amiga verdadeira, com os ossos parecendo fumaça e as almas arrastando-se atrás.
Quando eles chegaram de vez, o barulho de seus pés pulsou sobre a rua. Seus olhos eram enormes, nos crânios esfaimados. E a sujeira. A sujeira moldava-se neles. As pernas cambaleavam, à medida que eles eram empurrados pelas mãos dos soldados – alguns passos trôpegos de corrida forçada, antes do lento retorno a um andar desnutrido.
Hans os observava por sobre as cabeças da platéia que se aglomerava. Tenho certeza de que tinha os olhos prateados e tensos. Liesel olhava pelas brechas ou por cima dos ombros.
Os rostos sofredores de homens e mulheres esgotados estendiam-se para eles, implorando não tanto ajuda – já haviam ultrapassado essa fase -, mas uma explicação. Apenas alguma coisa que diminuísse aquela perplexidade.
Seus pés mal conseguiam erguer-se da terra.
Havia estrelas-de-davi colada em suas camisas, e a desgraça prendia-se a eles como por designação.
(...)
A seu lado, os soldados também passavam, dando ordens para eles se apressarem e pararem de resmungar. Alguns desses soldados eram apenas meninos. Tinham o Führer nos olhos.
Ao observar tudo isso, Liesel teve certeza de que aquelas eram as mais pobres almas ainda vivas. Foi o que escreveu sobre elas. Seus rostos macilentos esticavam-se pela tortura. A fome os devorava, enquanto eles seguiam em frente, alguns olhando para o chão, para evitar as pessoas que ladeavam a rua. Alguns lançavam olhares súplices para os que tinham ido observar sua humilhação, esse prelúdio de sua morte. Outros imploravam que alguém, qualquer um, desse um passo à frente e os tomassem nos braços.
Ninguém o fez.”

Página 351. A menina que roubava livros. Markus Zusak.

Pois bem, acabei hoje de ler o livro. Uma palavra: maravilhoso. Em lágrimas o fechei e fiquei alguns minutos olhando a capa. Branca, clara. Eu o indico com absoluta certeza. Até o empresto se necessário. Porém, não deixem de ter contato com um relato diferente do nazismo pela inocência de uma menina.

* Sobre ELE, não se preocupem, não roubei não seu coração. Apenas guardo um pedaço dele comigo para nas frias noites desse inverno não me sentir tão sozinha. Ameniza a saudade...

9.7.07

Doce Lar

Férias para mim têm um significado único. É tempo de ir para a minha verdadeira casa. É um ato instintivo. Soa mais do que uma necessidade, eu simplesmente preciso sentir os ares da minha terrinha, como se fosse uma questão de vida ou morte, perdão o chavão.
Sou de Venâncio Aires e o ônibus sobre a ponte do Rio Mariante é o anuncio da chegada. O retorno é nostálgico, quase místico. Correr com minhas mil muanbas em direção ao carro no qual minha mãe me espera é um triunfo. A glória do meu lar.
Por mais que eu esteja praticamente todos os fins de semana aqui (sim, estou AQUI!), o sentimento nas férias é diferente. É nesse período que eu volto a ser a menina interiorana que tento disfarçar em meio às ruas cheias da cidade grande. Tiro a poeira dos velhos hábitos e os coloco em prática. Do grande armário saem também o Banco Imobiliário e as calças de moleton.
A triste bicicleta sorri. Afinal, ela que já carregou meus sonhos de criança agora me conduz aos pontos básicos da cidade. A casa da Édina, da Tia Marina, dos meus primos queridos, caminhos que já cansei de percorrer. A estrada é vazia e o barulho mudo. Deslizar por Venâncio sozinha com minha bicicleta sob o sol alaranjado se transforma em terapia.
A brisa daqui dá o ânimo que possibilita a continuidade. Da vida, dos estudos, dos sonhos. Um filme agora me vem à mente. Por mais clichê que seja, ele me transporta toda vez ao meu mundo particular. Em “Doce Lar”, um dos atores fala em determinado momento algo mais ou menos assim: “Você pode tirar a menina da cidade do interior, mas não a cidade do interior da menina”. A mais nua realidade. A minha mais singela verdade.

29.6.07

Fenômeno interativo

A Internet modificou as estruturas da comunicação em todo o mundo. Desde seu surgimento, novas possibilidades de acesso e reprodução de informação foram geradas. Ela permite acompanhar fatos e notícias de qualquer país, além de ser aliada de jornalistas e editores para identificação de fontes e de contatos que possam colaborar com a sua atividade profissional.
É possível observar outras alterações e melhorias no jornalismo a partir da Internet. A comunicação entre jornalista, fonte e leitor foi dinamizada e incrementada por fóruns, programas de conversação, emails, enfim, por diversos novos recursos. A consulta em grandes bases de dados e em variados arquivos disponíveis proporciona contextualização e embasamento em múltiplos assuntos. Em síntese, é um fenômeno de acessibilidade e interatividade que se estabelece.
O jornalismo digital desenvolveu ao longo dos anos características próprias que o diferenciam dos outros meios. Tais peculiaridades são abordadas por Anelise Pacheco (2001, p.45):

Diferentemente do rádio, da televisão e do telefone, a Internet oferece, simultaneamente, uma variedade de modalidades de comunicação, ao mesmo tempo em difusão e em transação: um a um, um para todos e todos para todos.

Já o sociólogo francês Pierre Lévy (1999) observa que a Internet é composta por informações ou mensagens multimodais que utilizam diferentes modalidades sensoriais, como a visão, a audição, o tato e sensações proprioceptivas. Eis que surge então a idéia do texto como primário. Ele nada mais é do que uma base de criação que pode ser incrementada a partir de outros recursos, entre eles ressalto o vídeo e a fotografia.
Pinho (2003, p. 58) conclui, então, as diferenças entre a Internet e os outros meios de comunicação social:

Portanto, o jornalismo digital diferencia-se do jornalismo praticado nos meios de comunicação tradicionais pela forma de tratamento dos dados e pelas relações que são articuladas com os usuários.

Ao pensar nas peculiaridades do meio digital, deve ser destacada a não-linearidade. Em um arquivo impresso, por exemplo, o leitor mantém uma certa ordem de leitura que depende da composição das páginas. Já em um site não existe uma seqüência predeterminada, a lógica que prevalece é a da associação de idéias. A instantaneidade da Internet também vale ser ressaltada. Ela é rápida e abrangente, logo em seguida do acontecimento de um fato importante a sua cobertura completa já está disponível na rede. Por mais que a televisão e o rádio também entrem com plantões especiais, é no jornalismo on-line que a notícia se torna perene.
Para completar as principais características da Internet cito ainda a dirigibilidade (sem restrições de espaço e tempo), os baixos custos de produção (comparados com a televisão, por exemplo) e a interatividade. Esse último ponto é definido pelo autor José Benedito Pinho (2003, p. 244) como:

Processo pelo qual os usuários interagem com o conteúdo. A interatividade varia da mais simples até a mais complexa. Por exemplo, quando os usuários clicam em um botão de avanço ou retorno de página, eles estão interagindo de um modo simples. Uma forma mais complexa de interatividade é o preenchimento de um formulário on-line. Uma interatividade altamente complexa envolve usuários jogando um game da Internet, competindo com jogadores espalhados em todo mundo.

A mídia tradicional, de forma geral, é um veículo de mão única. A informação é transmitida e a possibilidade de retorno por parte do receptor existe, entretanto se torna praticamente nula diante das alternativas proporcionadas pela Internet. É válido destacar que um conteúdo on-line que não ofereça um mínimo de interação tem pouco valor para o usuário.

Um usuário da Internet tem, ao mesmo tempo, a possibilidade de ser emissor ou destinatário, comunicar, informar ou se informar, interagir ou ser um espectador passivo, estabelecer uma relação pública ou privada/ particular. (PACHECO, 2001, p. 45)
A audiência diante da rede tem que buscar o que procura, sendo que existem infinitas ofertas. Surge o conceito de receptor ativo e da web como uma mídia pull, ou seja, que deve puxar o interesse e a atenção do internauta. Em uma comparação, o rádio é push, pois as mensagens são empurradas ao ouvinte sem que ele tenha solicitado ou determinado o que exatamente queria (PINHO, 2003).
Ao falar de interatividade na web é inevitável não dar relevância ao correio eletrônico. É principalmente a partir de tal ferramenta que os internautas se dirigem aos jornalistas. O contato ocorre com diferentes finalidades, porém a interação é estabelecida. Por email são enviadas críticas, comentários e elogios. O leitor pode até mesmo participar do processo de construção de reportagens, enviando sugestões de pauta ou indicando fontes e caminhos a serem seguidos.
Nos blogs é o formato de comentários que encaminha o receptor ao responsável pelos conteúdos. O texto é diretamente analisado. Já nas comunidades virtuais são os fóruns sinônimos de interatividade. No entanto, todas as maneiras citadas são de grande valor e auxiliam na consolidação da Internet como meio de comunicação social de forte influência.
A interação permite, então, a melhoria dos serviços oferecidos e das notícias divulgadas. A partir dela o jornalista aprimora a sua atividade e obtém um retorno sobre a sua produção. O processo que antes era de mão única passa a ter duplo sentido. O leitor interage com o profissional do jornalismo e, portanto, torna-se tanto uma fonte de informação quanto um usuário.

5.6.07

Cuidado, frágil!

O imediatismo é sobreposto mais uma vez na sociedade. A questão de agora é em torno das plantações de eucaliptos. Deve-se ou não permitir que elas dominem a metade sul do Rio Grande do Sul? Pergunta difícil de ser respondida, ainda mais diante de tantas pressões e interesses envolvidos.
O governo estadual vive um impasse. De um lado, a argumentação de grandes empresas como a Aracruz, Votorantim e Stora Enso, fabricantes de celulose que tem o eucalipto como fundamental em seu processo de produção. Em contraponto estão os ambientalistas e órgãos públicos preocupados com a preservação do ecossistema da região em destaque, o pampa. A apreensão é em função das conseqüências de plantar tal espécie de árvore, pois ela necessita de muita água para se desenvolver e prejudica o relevo, deixa o solo muito ácido.
As justificativas para a medida de “desenvolvimento” são as mais diversas. Todas giram em torno de progresso, idéias utópicas de trabalho e bem estar para todos. Entretanto, creio que o retorno financeiro instantâneo é o mais visado, e não a qualidade de vida da população em si. E afinal, o dinheiro seria para as pessoas? Com certeza não de forma direta, a parte mais generosa iria para os “grandes” de sempre.
Eis que surge então a legislação como um frágil produto maleável. Ela é tão flexível quanto o governo, tudo é em torno de interesses egocêntricos e imediatos. O eucalipto é um risco de degradação e sua plantação apenas representaria uma ilusória melhora momentânea. E daqui vinte anos? A metade sul vai estar no ápice de seu progresso e as pessoas festejaram a decomposição do ambiente no qual vivem? Acredito que o fator ambiental não é tão secundário quanto possa parecer...
Na busca por soluções alternativas para a questão, o turismo aparece como principal impulso na revitalização da parcela sul do estado. O incentivo e a criação de rotas culturais e históricas seria destacável para o real desenvolvimento das cidades da região. Além disso, a pesquisa e o investimento em pecuária e agricultura são essenciais. O processo é lento, todavia se for contínuo realmente trará mudanças e benefícios duráveis.

8.5.07

A anárquica Piauí

O jornalismo da atualidade segue os moldes industriais. As notícias viraram produtos que devem ser processados para que cheguem ao “cliente” o mais rápido possível. A palavra essencial é a agilidade. Diante de tal perspectiva muitos fatores são esquecidos e até mesmo ignorados. A ética e a precisão não são zeladas como deveriam. O jornalista funciona como apenas mais uma parte do ciclo comunicativo.
O contexto relatado, do “jornalismo da mesmice”, deixa inúmeros espaços para a ousadia. Eis que surge então a Piauí e seu padrão fora de padrão. Criada para satisfazer o pública que busca por algo diferente do que está acostumado a ver semanalmente nas bancas, a revista chama a atenção por sua anarquia. A palavra é usada por João Moreira Salles, seu idealizador, em palestra realizada na Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Ele explica o vocábulo a partir do fato de que editorias não são seguidas de uma edição para a outra e pela liberdade de expressão disponível a quem escreve. A Piauí não possui colunistas e conta com diversos colaboradores que não dominam, ou às vezes nem conhecem, as técnicas jornalísticas. Um exemplo é Fernanda Torres, atriz que aceitou o desafio de penetrar em outra área cultural.
A valorização do texto é a ordem geral do projeto. O importante não é mais a informação e a sua transmissão rápida e objetiva, mas sim o estilo e a percepção de quem redige. Não existe a comum preocupação de tamanho de redação, cada escrito tem a quantidade de linhas certas, o necessário, seja muito ou pouco. Os tradicionais “ganchos” (conexão entre notícia e atualidade) também são desprezados. Como João Moreira Salles afirma: tudo é possível na Piauí.
Tal explanação me deu novos ânimos. Como estudante de jornalismo, estava decepcionada com a padronização da informação e das técnicas de produção da mesma. A revista Piauí surge como uma esperança, não só para os comunicadores, porém para todos que prezam por qualidade. Claro que os jornais que reportam a atualidade e revistas semanais que a comentam são significativas e de valor. Entretanto, explorar esse novo jornalismo é relevante também.
A visão ampla de João Moreira Salles fez com que ele percebesse a necessidade de ousar. O regime de liberdade da revista permite até que a capa seja desconecta do conjunto. O projeto reforça possibilidades culturais e seu crescente sucesso denuncia que algo como a Piauí estava em falta no mercado editorial. A anarquia de produção é finalizada com o prazer da recepção que quem aguarda ansiosamente todo mês por tamanha qualidade.

18.4.07

Crítica do filme 21 gramas da cadeira de Jornalismo de Opinião

Quanto cabe em 21 gramas?

Três vidas em uma encruzilhada. Uma mãe fragilizada por uma grande perda, um ex-presidiário em busca de salvação e um homem com problemas de saúde. Qual a semelhança entre eles? Talvez a resposta esteja na complexidade dos seus destinos marcados por fraquezas, emoções e, acima de tudo, transtornos pessoais.
O filme “21 gramas”, de Alejandro González Iñárritu, é intrigante. Cristina Peck, interpretada por Naomi Watts, não consegue esquecer do acidente que paralisou a sua vida. Jack Jordan, papel de Benicio Del Toro, é posto diante do seu passado de crimes e de seu presente religioso. Já Paul Rivers, personagem do ator Sean Penn, se perde em meio a um amor movido por gratidão.
Tais tramas paralelas são transpostas. A história, inicialmente confusa, toma um rumo surpreendente. A tensão acompanha o espectador durante todo o filme e exige que ele se mantenha atento. Ao mesmo tempo, os fatos vão se revelando e se encaixando na linearidade correta. Cenas que se repetem completam o “efeito quebra-cabeça”.
Em “21 gramas” o destaque é para o elenco. A construção dos personagens é complexa e realizada com muito sucesso pelos atores escolhidos para os principais papéis. O filme inclusive recebeu duas indicações ao Oscar, de melhor atriz (Naomi Watts) e de melhor ator coadjuvante (Benicio Del Toro). Benicio está espetacular. Ele interpreta um homem seco, vazio e, por vezes, até cruel. Sua atuação expõe os conflitos internos de Jack Jordan em relação a sua família, aos seus valores e as suas atitudes, com total êxito.
Outro aspecto relevante na obra é a sua edição e composição. O ritmo acelerado é conduzido pelas cenas que se misturam no tempo. Ângulos não convencionais são utilizados nas filmagens. Movimentos de câmera diferenciados dão ainda mais intensidade as ações dos atores.
A fotografia não é extraordinária, porém é de qualidade. Os cenários são bem compostos e se encaixam de acordo com as cenas e personagens. O que poderia ter sido melhor desenvolvido é o fator musical. A trilha sonora contribuiu com o tom de tensão da história, entretanto, não foi explorada como poderia ter sido.
Sentimentos de vingança e culpa marcam as vidas dos personagens. Questionamentos também compõem os três destinos. Afinal, quanto cabe em 21 gramas? Para alguns talvez caiba um último suspiro e um alívio para os problemas mais profundos da alma humana.

11.4.07

Casamento em casas separadas

Opinião e informação não se afastam. No âmbito do jornalismo, em especial, é comum a divisão de tais segmentos, como se fosse possível elaborar qualquer tipo de texto sem mesclar características pessoais e ocorrências. Os meios de comunicação de hoje ainda vivem no mito da imparcialidade sem perceber que a simples análise do repórter já molda os fatos.
Ao observarmos as editorias de um jornal ou a organização de uma revista é notável partes onde predomina a opinião (colunas, artigos) e outras onde prevalece a informação (notícia, reportagem). Acredito que tal modelo não é nada além de um reflexo de uma teoria ultrapassada e já superada. A prática jornalística evoluiu e mesmo assim não está estagnada. Cada escolha do repórter é movida por conceitos internos e individuais. A constituição de um texto em si espelha marcas de quem o escreve, tanto nas palavras utilizadas quanto na formação das frases. A opção por determinada entrevista ou fonte já conduz um ponto de vista que penetra nas entrelinhas. Até o ângulo de uma fotografia conta com a interferência, por menor que seja, do olhar de quem a tira.
A imparcialidade surge então como um termo questionável no jornalismo. Ela é real ou apenas uma utopia? Creio que seja um objetivo impossível, ou no mínimo, improvável. Já no primeiro semestre as faculdades expõem a imparcialidade dentre as características da profissão do jornalista. Aos poucos, a lenda é despida e o que se encontram são formas mais próprias de se conduzir as palavras. Porém, o dilema se estende ao mercado de trabalho, afinal, os veículos de comunicação insistem em repetir o discurso de que são imparciais e de que notícia é uma coisa e opinião é outra totalmente isolada.
Então o casamento entre o dito jornalismo informativo e o de opinião segue mesmo que sob as divisões editoriais. O repórter, por mais que não queira deixar a sua percepção influenciar os rumos da sua escrita, é alvo da sua individualidade. É importante ressaltar também que assim como a opinião guia as notícias de forma sutil e indireta, os fatos também suportam as redações autorais. Todavia, nenhum esforço para qualquer mudança é feito. E tudo segue...

26.3.07

Vítimas da padronização

A emissora de televisão MTV apresenta toda terça-feira às 22 horas o “Debate MTV”, que tem como apresentador Cazé Peçanha. A cada semana um tópico polêmico é abordado. O programa do dia 20 de março reacendeu a questão da ditadura da magreza, com o tema “Dá para ser feliz sendo gordo?”. Do lado que assegurava que a boa forma física é essencial estava um homem malhado, uma modelo e uma jovem perturbada com os quilos ganhos em uma viagem aos Estados Unidos. Na oposição se encontrava uma gordinha, um médico e uma menina que já foi vítima de anorexia.
O grupo que defendeu que seguir os padrões estéticos é sinônimo de felicidade e satisfação pessoal argumentou com base na exigência da sociedade. Afirmaram que uma pessoa esbelta tem mais chances de ser bem sucedida em função da sua exterioridade. Para eles o corpo é um reflexo da personalidade da pessoa, um cartão de visita que deve ser preservado mesmo que para tal finalidade sejam cometidas algumas incoerências. A adolescente preocupada em demasia com seu peso revelou que comprou remédios para emagrecer de forma ilegal em sua viagem ao exterior. Na volta, ela trouxe para o Brasil produtos a mais para vender para as amigas. Uma atitude desprezível.
Até que ponto a obsessão é aceitável? A aparência realmente é muito importante, porém a vida não se resume nessa peculiaridade. Existe muita pressão do meio para que o modelo esbelto seja supremo. A publicidade contribui com a consagração do padrão. Outdoors com a imagem de mulheres e homens magros ao extremo são considerados o ápice da beleza humana. Até crianças são cobradas integralmente em torno da sua alimentação. As que estão acima do peso, mesmo que muito pouco, são alvos fáceis de gozações por parte dos amigos e até mesmo de alguns familiares. A vergonha de tirar a camiseta por parte dos meninos e a opção por roupas pretas e soltas por parte das meninas pode indicar problemas sérios com a auto estima.
A saúde é colocada em plano secundário. Os distúrbios alimentares se tornam banais principalmente entre os adolescentes. A anorexia chega a causar vítimas fatais. A bulimia atormenta o bem estar físico e mental. Cada caloria é contabilizada. A insegurança em relação a forma do corpo faz com que algumas pessoas deixem de freqüentar determinados lugares e fugir de certas ocasiões, como de aniversários, festas e clubes. A identidade se perde em busca de uma aceitação forçada, não pelo que se é, entretanto pelo que se parece.
Enfim, a dependência de 2 ou 3 quilos para ser feliz é inaceitável. A obesidade não deve ser incentivada, todavia complexos por curvas a mais são estúpidos. A prioridade deve ser sempre em torno de uma vida saudável, construída com bons hábitos. O equilíbrio entre o interior e o exterior é fundamental para que possamos edificar trajetória que satisfaçam objetivos próprios.

20.3.07

Crônica de uma mulher ferida

Jogadores de futebol são glamourizados constantemente. Os que têm a sorte de alcançar destaque circulam em seus carrões. Os tênis de marca mais parecem naves e servem de suporte para a parte mais importante do corpo deles: as coxas. Sim, as coxas cuidadosamente desenhadas, graciosas. Cada linha na região entre a virilha e o joelho equivale a um suspiro, músculos! Os pés são fundamentais na profissão a ser considerada, o conjunto das pernas em si, mas exponho aqui o ponto de vista (e que vista) feminino.
Pois bem, tais jogadores constituem um tipinho. Eles andam em pequenos bandos. Saem perfumados, possuem um cheiro avassalado. É algo inexplicável, eles passam e a vontade é dar meia volta e seguir eternamente aquele aroma.
Os jogadores de futebol têm também um jeito único de andar. O gingado vai além dos dribles, ele é incorporado passo a passo. O bumbum prodigioso acompanha o movimento. Outra peculiaridade do dito tipinho é o gosto pelo pagode. Eles até dançam, e muito bem por sinal. A mão ao redor da cintura une os dois corpos. Os pés conduzem o movimento. As coxas de tocam. A proximidade dos rostos deixa ainda mais profunda a fragrância.
O sentimento inicial é de encanto. Porém, a aversão se infiltra diante das ausências. A ira penetra com o ciúmes do assédio. A vida que segue conforme o vento deixa espaços vazios que nem o doce cheirinho do travesseiro dele ajuda a completar. O estádio se torna estranho. O pagode fica mais triste do que já é. As coxas, bem, as coxas permanecem lindas, mas isso não vem ao caso no momento.
Enfim, o tipinho se torna dispensável. As mágoas são aliviadas com um choro mansinho no ombro de uma amiga. É hora de seguir em frente e procurar outra pessoa. Qual será a nova categoria a ser explorada? Não tenho certeza. A dos músicos me parece atraente. Sempre quis receber uma declaração em forma de letra e melodia. Só lamento pelas coxas.


Ananda Etges, Jornalismo de Opinião.

REATIVADO!

Oi!
Aqui estou para reativar o blog!
Agora irei postar textos feitos para a faculdade e alguma coisa solta, criações das horas livres!
Espero que gostem!
Um grande abraço!!!