30.7.07

Sobre partidas e saudade

Mais uma vez a mala está sobre a cama. Aberta e com poucas peças de roupa dentro ela espera que eu a finalize. Ao mesmo tempo, meus avós aguardam meu beijo de despedida. Sim, é hora de ir novamente para a cidade sem pássaros.
Porto Alegre não têm pássaros. Têm pombos, o que é muito diferente. Não adianta dizer que tudo são aves, tal argumento não me convence. Em Venâncio é possível acordar por culpa da cantoria dos canários felizes ao redor das janelas.
Enfim, a questão dos pássaros não vem ao caso no momento, deixarei para outro texto. Agora o que permanece é a contagem regressiva para embarcar no ônibus, colocar os fones de ouvido e deixar uma lágrima escorrer pelo canto do olho. O óculos escuro vai esconder a minha fraqueza. No entanto, ao entrar no apartamento frio do décimo primeiro andar não haverá mais nada a dissimular, nem ninguém para evitar. Estarei sozinha em meu pequeno infinito particular.
Não sei definir se é bom ou ruim. Ninguém para disputar a televisão comigo, ponto positivo. Ter que providenciar comida, ponto negativo. Poderia desenvolver uma lista gigante em tal molde, porém creio que isso não acabaria com as contradições.
Então sigo com os preparativos do retorno. Além de ter que acabar de fazer a mala, ainda vou à benzedeira hoje à tarde. Depois passo nos meus avós paternos. Pego algumas moedas “para o ônibus” e volto para a casa. Minha casa. Nem que seja apenas por algumas semanas de férias de inverno. Nos sábados e domingos sou visita. Mesmo assim, meu lar temporário. Meu lar interminável.

4 comentários:

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

Fiquei triste por ti agora.
Eu teria que ser mais forte que tu se tivesse que me despedir da família todo domingo. Sou muito fraca para isso, eu acho. Mas uma hora tenho que me desgarrar.
Beijos. Aqui, quem sabe, eu sou um pedacinho da tua família.

Liza Mello disse...

pois tu sabe que enquanto eu lia o teu post um pássaro não parava de cantar no pátio?! bom, eu moro em Porto Alegre, mas no bosque, aí talvez não conte...:)

Gostei muito da expressão "meu pequeno infinito particular"! Já que é triste essa história de despedidas, lembra que esse apartamento longe de casa é inacabável e assim, um espaço cheio de possibilidades!

Samir Oliveira disse...

Ananda, temos que fundar uma ONG de estudantes do interior, ehehe.

ótimo texto! bjao!

Anônimo disse...

que doidura Nanda!!!
show d bola.. sucesso!!