18.7.07

O adeus

O acidente do vôo JJ 3054 da TAM provocou um sentimento confuso em mim. Pensei sobre a vida e a sua efemeridade. Quantas vezes deixamos problemas, situações, momentos passar? E quando não houver mais tempo para nada??
Eu sou uma pessoa um tanto avoada. Embalada pelo conformismo, pergunto-me se eu realmente vivo ou apenas vejo os outros viverem. Sempre penso que semana que vem eu vou ao oftalmologista, no próximo mês eu vou emagrecer e no fim do ano eu vou viajar. É muito vou para pouco futuro. Planos e sonhos são fundamentais para alimentar a alma, mas agir é ainda mais essencial e determinante.
Agora serei drástica: imagine se eu estivesse no vôo em questão. Eu não precisaria mais encomendar as lentes de contato no médico, morreria gorda e sem ter sentido a viagem tão planejada. Horrível? Não, definitivamente não. Eu estaria em estado de churrasquinho e tais fatores não mudariam nada. O cruel seria não ter dado adeus.
Como eu poderia ir embora sem abraçar com total intensidade a minha irmã amada? Sem xingar pela última vez o meu irmão? Sem beijar as bochechas redondas de meu pai? Sem cair no colo de minha mãe? Sem lamentar com minha avó paterna? Sem dizer o “eu amo vocês” que eu nunca disse aos meus avós maternos? Sem olhar pela última vez meus primos e tios? E finalmente, como eu ousaria partir e deixar o meu amor sozinho logo agora que nos encontramos e somos tão felizes?
Surtei! Eu avisei que estava confusa. Impossível não buscar no sentimentalismo conforto para o que os olhos viram em imagens cansativas da televisão e em notícias repetidas da Internet. O que me resta agora é orar pelas almas soltas de pessoas que assim como eu acreditavam no velho Lulu Santos e diziam: “Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir”. Eu vou tentar. E não vai ser só a partir de semana que vem.

8 comentários:

Anônimo disse...

tah..então vou falar pra tu num esqecer..embora eu fale as vezes..mas depois desse texto due vontade d falar d novo..Te amo!

Giane Laurentino disse...

E ai pessoa!! Bom te ver também sempre temos um papos filosóficos rsrs. Quando ao acidente ... algo complicado, temos é que procurar aproveitar a nossa oportunidade enquanto estamos vivos. Me inspirei e escrevi um texto ... Bjus

Anônimo disse...

Ótima reflexão.....acho que preciso pensar mais um pouco sobre minhas atitudes também!!

Giana Hahn disse...

Mto boa tua reflexão, nanda!! Me vi no teu texto! Tbm sou mto avoada, seeeempre deixando pra fazer as coisas depois..a letra de uma música da Pitty diz exatamente isso "não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar/não deixe nada pra semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar".
Pena que só nos damos conta disto em situações extremas.
Grande beijo

Giana Hahn disse...

Mto boa tua reflexão, nanda!! Me vi no teu texto! Tbm sou mto avoada, seeeempre deixando pra fazer as coisas depois..a letra de uma música da Pitty diz exatamente isso "não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar/não deixe nada pra semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar".
Pena que só nos damos conta disto em situações extremas.
Grande beijo

Anônimo disse...

Posso dizer uma coisa só?
A Giana roubou o meu comentário... ia falar da música "Semana Que Vem" da Pitty também. Haeuhheahuaeu

Samir Oliveira disse...

Ótimo texto Ananda! Tu escreve com naturalidade, sem amarras. E conseguiu pegar um tema comum e transformá-lo em um belo texto intimista. Adorei!

bjos

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

Mas é uma mestra da reflexão a minha gêmea. Infelizmente, parece que só nos damos conta disso quando uma tragédia acontece.
Beijos!