8.5.07

A anárquica Piauí

O jornalismo da atualidade segue os moldes industriais. As notícias viraram produtos que devem ser processados para que cheguem ao “cliente” o mais rápido possível. A palavra essencial é a agilidade. Diante de tal perspectiva muitos fatores são esquecidos e até mesmo ignorados. A ética e a precisão não são zeladas como deveriam. O jornalista funciona como apenas mais uma parte do ciclo comunicativo.
O contexto relatado, do “jornalismo da mesmice”, deixa inúmeros espaços para a ousadia. Eis que surge então a Piauí e seu padrão fora de padrão. Criada para satisfazer o pública que busca por algo diferente do que está acostumado a ver semanalmente nas bancas, a revista chama a atenção por sua anarquia. A palavra é usada por João Moreira Salles, seu idealizador, em palestra realizada na Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Ele explica o vocábulo a partir do fato de que editorias não são seguidas de uma edição para a outra e pela liberdade de expressão disponível a quem escreve. A Piauí não possui colunistas e conta com diversos colaboradores que não dominam, ou às vezes nem conhecem, as técnicas jornalísticas. Um exemplo é Fernanda Torres, atriz que aceitou o desafio de penetrar em outra área cultural.
A valorização do texto é a ordem geral do projeto. O importante não é mais a informação e a sua transmissão rápida e objetiva, mas sim o estilo e a percepção de quem redige. Não existe a comum preocupação de tamanho de redação, cada escrito tem a quantidade de linhas certas, o necessário, seja muito ou pouco. Os tradicionais “ganchos” (conexão entre notícia e atualidade) também são desprezados. Como João Moreira Salles afirma: tudo é possível na Piauí.
Tal explanação me deu novos ânimos. Como estudante de jornalismo, estava decepcionada com a padronização da informação e das técnicas de produção da mesma. A revista Piauí surge como uma esperança, não só para os comunicadores, porém para todos que prezam por qualidade. Claro que os jornais que reportam a atualidade e revistas semanais que a comentam são significativas e de valor. Entretanto, explorar esse novo jornalismo é relevante também.
A visão ampla de João Moreira Salles fez com que ele percebesse a necessidade de ousar. O regime de liberdade da revista permite até que a capa seja desconecta do conjunto. O projeto reforça possibilidades culturais e seu crescente sucesso denuncia que algo como a Piauí estava em falta no mercado editorial. A anarquia de produção é finalizada com o prazer da recepção que quem aguarda ansiosamente todo mês por tamanha qualidade.

Um comentário:

Unknown disse...

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